Natureza

Parque Natural da Serra da Estrela

Edição 51 — 21.03.2022 • 27.03.2022
Parque Natural da Serra da Estrela © Emanuele Siracusa

O Parque Natural da Serra da Estrela é um lugar de excepção. Estendendo-se por 101 mil hectares distribuídos por seis concelhos, foi o primeiro parque natural a ser criado em Portugal, sendo a maior área protegida portuguesa.

Aqui encontra o ponto mais alto do território continental, a única pista de esqui do país, a nascente de dois importantes rios e uma inesperada paisagem “de tipo alpino”, onde abundam os vestígios de glaciação. Envoltas pela deslumbrante Serra da Estrela, as Aldeias de Montanha são verdadeiras relíquias de autenticidade e paz de espírito para descobrir, assim como as icónicas Aldeias Históricas de Portugal, tais como Linhares da Beira, um paraíso para os amantes do parapente.


Fauna & Flora

O carácter único do Planalto Superior da Serra da Estrela, o seu isolamento geográfico e a consequente diversidade de espécies de fauna e flora valeu ao Parque Natural da Serra da Estrela o estatuto de Reserva Biogenética.

As magníficas paisagens da serra são o habitat de mamíferos como o lobo, o javali, a lontra, a raposa, a geneta e o coelho-bravo-europeu, sendo sobrevoadas por aves como a águia-real e a águia-de-asa-redonda, o falcão peregrino, o bufo real e o milhafre preto.

Por entre o verde e as rochas pode descobrir-se a campânula, verdadeiro símbolo da Estrela, o sargaço, a saxifraga spathularis e o zimbro, ao mesmo tempo que se erguem, frondosas, árvores como o castanheiro, o carvalho-roble, o carvalho-negral, o pinheiro bravo e a azinheira. Em planaltos e vales do interior da serra, entre pastagens, despontam a urze, o rosmaninho e a giesta.

Geologia

Ocupando uma área de 2216 metros quadrados que se espraia por 9 municípios - Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia - o Estrela Geopark, classificado Geopark Global pela UNESCO, oferece uma paisagem diversificada que é fruto de múltiplas transformações geológicas, elevados contrastes climáticos e uma ancestral ocupação humana que data do dealbar do 4º milénio aC.

Durante o Plesitoceno, um campo de gelo desenvolveu-se no topo do planalto, criando as características que aportam a esta área a sua especificidade geológica: depósitos glaciares como o campo morenaico da Lagoa Seca e as plataformas glaciares, como o Vale Glaciar do Zêzere.

A Serra da Estrela é constituída por extensos afloramentos de granitos, com idade entre 340 a 280 milhões de anos, intercalados com rochas metamórficas, como os xistos e os grauvaques, de idade entre 650 a 500 milhões de anos. Nos locais que estiveram sujeitos à acção dos glaciares podem observar-se vales glaciários, moreias e blocos erráticos. Os testemunhos mais impressionantes deste período incluem, entre outros, o Vale Superior do Zêzere, a Garganta de Loriga, a Nave de Santo António, a moreia lateral do Covão do Urso, os blocos erráticos na margem norte da Lagoa Comprida e o Poio do Judeu, bloco errático de dimensões ciclópicas.

Magnífica em todas as estações

Não há uma estação específica para visitar a Serra da Estrela. Há uma beleza absolutamente ímpar ao longo de todo o ano e cada estação revela a riqueza da sua biodiversidade e o seu património natural fascinante.

E no Inverno, o Teixo (Taxus baccata) - árvore com grande simbolismo nesta época do ano, porque representa o final do ano solar, que culmina com o Solstício de Inverno, empresta a sua majestade ao Parque Natural da Serra da Estrela . Com as suas flores muito numerosas, arredondadas, de cor amarelada e masculinas e as muito menos vistosas flores femininas, de cor verde que surgem aos pares ou isoladas, na extremidade dos ramos. A floração ocorre entre o final do inverno e o início da primavera.

Os povoamentos de teixo são considerados verdadeiras relíquias da floresta portuguesa, por surgirem em vales profundos, encostas íngremes e apertadas, geralmente junto a linhas de água e de difícil acesso. Locais únicos, que parecem saídos de um conto de fadas.

E é também o Zimbro-alpino (Juniperus alpina), que nos surpreende quando o parque Natural está coberto de neve.

A Primavera é anunciada pela acrescida energia das andorinhas-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris) e pelos cervunais – prados de altitude, cheios de cervum(Nardus stricta) florido. De Maio a Junho, a muito rara Sombria (Emberiza hortulana) enche com o seu canto as encostas, e no Cântaro Magro uma formação geológica impressionante, onde se situa a nascente do Rio Zêzere, o melro das rochas (Monticola saxatilis) constrói o seu ninho.

No Verão, a Serra da Estrela mostra os segredos que estiveram escondidos sob o manto branco da neve: a orvalhinha (Drosera rotundifólia), a Argençana-dos-pastores (Gentiana lutea) ou a Silene foetida subsp. foetida, uma das três espécies endémicas exclusivas da serra da Estrela. E até as borboleta guarda-portões (Pyronia tithonus), aparecem no Verão. Com o seu magnifico tom amarelo, até Setembro, podem ser vistas a voar na Lagoa do Vale do Rossim, nas Penhas Douradas

No Parque Natural Serra da Estrela, a 1420m de altitude o Covão d’Ametade é revigorador para a alma e para os sentidos. Rodeado pelo Cântaro Magro e pelo Cântaro Gordo, o Covão d’Ametade é particularmente belo no Outono. É nesta época do ano que as bétulas trocam a sua pele e deixam-se aparecer os tons amarelos, vermelhos e laranjas.

Walking & Trekking na Serra da Estrela

Se é fã incondicional de caminhadas e de trekking no coração da mais incrível das paisagens naturais, o Parque Natural da Serra da Estrela oferece aos seus visitantes diversos circuitos pedestres desafiantes. Estes são, certamente, os mais impressionantes:

Lagoas

Trata-se de um percurso das lagoas de altitude da Serra da Estrela. Com origem glaciar, são reservatórios de água com características naturais exclusivas, e posteriormente interligadas e aproveitadas, numa das primeiras redes hidroeléctricas de Portugal: Lagoa Comprida, Lagoa dos Conchos e Lagoa Escura, pujante com a sua integridade natural intacta

Vale Glaciar do Zêzere

Com início em Manteigas, é sempre a subir para descobrir o maior vale glaciário de Portugal. O rio Zêzere, de águas cristalinas e frias, marca todo o percurso, que termina no Covão da Ametade.

Garganta de Loriga
Percurso marcado pela imponência do vale glaciar, com vertentes muito escarpadas. Lagoas e covões glaciares que ainda hoje são percorridos por alguns rebanhos de cabras e ovelhas em busca das melhores pastagens.

Planalto da Torre
É um percurso circular que proporciona magníficas vistas e atravessa alguns dos mais importantes e exclusivos habitats, animais e plantas únicos que caracterizam o andar Superior da Serra da Estrela. É a descoberta das Lagoas e Covão do Meio, Covão do Boieiro, Salgadeira e Cântaro Gordo.

Planalto Superior da Serra da Estrela
Esta incrível rota de trekking mostra-lhe as incríveis esculturas que o gelo esculpiu no granito ao longo de lagoas, vales e várias formações glaciares que, em conjunto, proporcionam as condições para criar alguns dos ecossistemas mais interessantes desta montanha. O percurso pelas Penhas Douradas, Vale das Éguas, Nave da Mestra, Vale do Conde, Covão dos Conchos, Piornal e Vale do Rossim.

Sem dúvida, a mais brilhante estrela das serras portuguesas!

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